LIÇÃO 22: NOMINALIZAÇÃO

Já temos um grande poder de expressão. Vamos aprender agora sobre a nominalização.

22.1. A DEFINIÇÃO DE “NOMINALIZAÇÃO”

Existem situações em que um verbo precisa ser pensado como se fosse um substantivo, e é aqui que entra em campo o processo de nominalização. “Nominalizar” significa fazer com que orações exerçam a mesma função que um substantivo na estrutura sintática da frase. Para compreendermos melhor, observe o exemplo a seguir e preste atenção no complemento verbal:

O estudante esqueceu-se dos estudos. (período simples)

O estudante = sujeito;

Esqueceu-se de = verbo transitivo indireto;

Os estudos = objeto indireto;

Considere que nessa mesma posição do complemento verbal pode aparecer, em um período composto, orações subordinadas, ou simplificando, verbos. Sendo assim, vamos ao próximo exemplo:

O estudante esqueceu-se de estudar. (período composto)

O estudante = sujeito;

Esqueceu-se de = verbo transitivo indireto;

Estudar = Oração subordinada (substantiva Objetiva indireta)

Veja como o verbo “estudar” funcionou como objeto indireto da oração principal. Pode-se dizer que estamos falando de “ato de [verbo]” (o aluno esqueceu-se do ato de estudar). Logicamente, poderíamos completar o seu sentido:

O estudante esqueceu-se de estudar a matéria para a prova. (o aluno esqueceu-se do ato de estudar a matéria para a prova.)

Agora, observe o próximo exemplo:

A leitura é importante.

Foque-se substantivo “leitura”. Um verbo também pode ocupar a posição do sujeito de uma oração. Por exemplo, poderíamos reescrever a oração acima como segue:

Ler é importante. (o ato de ler é importante).

NOTA: há outros tipos de orações subordinadas substantivas em português, mas não será necessário seu estudo para a presente matéria em japonês.

22.2. A NOMINALIZAÇÃO NA LÍNGUA JAPONESA

Em japonês, há uma maneira muito simples de se nominalizar orações. Basta escrever a oração subordinada e em seguida, anexar a partícula  「の」 a ela. Assim, a oração será “transformada” em um elemento de mesmo valor de um substantivo. Então, como ficaria a oração “O estudante esqueceu-se de estudar” em japonês? Vejamos:

学生は勉強するのを忘れた。= O estudante esqueceu-se de estudar.

Veja como a oração subordinada  「勉強する」 foi “transformada” em um substantivo, e pudemos usar a partícula 「を」 . Também, lembre-se da expressão “ato de [verbo]” que citamos no tópico anterior, pois a fim de facilitar o aprendizado destas construções, você pode pensar que  「の」 faz o papel desta expressão. Obviamente, o importante é você entender o conceito, afinal nem sempre será melhor traduzir como “ato de”; às vezes será melhor usar “o fato de” ou até mesmo “a coisa que”, por exemplo. Enfim, tudo dependerá do contexto.

Podemos também completar o sentido da oração subordinada. Observe o quadro abaixo:

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Vejamos um exemplo de oração completa:

学生はジュースを飲むを忘れた。= O aluno esqueceu-se do ato de tomar o suco.

Lembre-se que em português, as orações subordinadas substantivas podem também ocupar a posição de sujeito. Em japonês, também:

漫画を読むは面白い。= Falando do ato de ler mangás, (isso) é interessante.

Podemos também usar a palavra  「こと」 , que significa “coisa”, no lugar da partícula  「の」 :

学生はジュースを飲むことを忘れた。= O aluno esqueceu-se de tomar o suco.

Se o que queremos nominalizar é o estado-de-ser, devemos usar a base Rentaikei da cópula  「だ」 ,  ou seja,  「な」 antes de   「の」 :

彼が先生のを思い出した。= (Eu) me lembrei (do fato de) que ele é professor.

Para as demais cópulas, devemos usar  「こと」 :

彼が先生であることを思い出した。= (Eu) me lembrei (do fato de) que ele é professor.

Nos exemplos acima, as duas orações têm o mesmo significado. Entretanto, a versão com  「の」 soa mais casual, ao passo que  「こと」  é mais apropriado para a escrita.

O uso de 「の」 e 「こと」 como nominalizadores parece ser um recurso que começou a ser adotado no Japonês Moderno. Antes disso, uma prática comum para se nominalizar uma oração era usar a base Rentaikei simplesmente. Sendo assim, por exemplo, a oração 「学生は勉強するを忘れた」 seria nominalizada assim:

学生は勉強する忘れた。= O estudante esqueceu-se de estudar.

Veja como a partícula 「を」 é colocada logo após a base Rentaikei do verbo 「する」 fazendo com que 「勉強する」 se torne objeto do verbo 「忘れる」. Simples, não?

Embora tal recurso tenha se tornado obsoleto, há algumas construções gramaticais antigas que ainda são usadas no Japonês Moderno que se tratam da nominalização “à moda antiga”, isto é, através da base Rentaikei. Veremos mais adiante.

NOTA: Os dois padrões abaixo são comuns e geralmente cobrados no nível 5 do JLPT. Observe as palavras 「じょうず」 (上手) e 「へた」 (下手), que significam “habilidoso” e “medíocre” respectivamente:

ひろしはお酒を飲むのが上手。= Hiroshi é bom em beber (Falando de Hiroshi, o ato de beber é habilidoso).

ひろしはお酒を飲むのが下手。= Hiroshi não é bom em beber (Lit. Falando de Hiroshi, o ato de beber é medíocre).

22.3. HÁ DIFERENÇAS ENTRE  「の」 e 「こと」 ?

Embora em alguns casos 「の」 e 「こと」 possam ser usados sem distinção, estudiosos afirmam que o nominalizador 「の」 geralmente é usado para indicar que um evento é algo concreto, perceptível pelos cinco (ou seis) sentidos, isto é, algo que o falante (ou a pessoa cujo ponto de vista é tomado) pessoalmente sente ou experimenta, ao passo que  「こと」 é usado para indicar que algo é abstrato ou genérico, ou seja, o falante esta mais “distante” da ação. Logo, é o verbo da oração principal que nos auxiliará na escolha dos nominalizadores. Para que você entenda melhor, observe a seguinte oração:

あきらはひろしがピアノを弾くを聞いた。= Akira ouviu Hiroshi tocar piano.

Neste exemplo, o verbo da oração principal é “ouvir” e como ele indica percepção, usamos   「の」 em vez de 「こと」 , pois expressamos que Akira ouviu Hiroshi tocar piano. Em outras palavras, “o ato de tocar piano” foi algo que realmente aconteceu, foi algo concreto e perceptível (foi ouvido). Daí a preferência por  「の」 a  「こと」 . Note que, se usássemos  「こと」 , a existência do ato de Hiroshi seria algo vago, embora para o falante tenha sido real.

De fato, os conceitos de perceptível e abstrato/genérico usado em japonês podem ser confusos se pensarmos os verbos em português. Portanto, para auxiliá-lo, considere que os gramáticos costumam dividir os verbos em sete grupos, de acordo com o tipo de ação ou estado que expressam. Tendo isso em mente, observe o quadro abaixo:

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Agora, achamos oportuno citar algumas construções comuns com 「こと」. Podemos combinar uma oração nominalizada por  「こと」 com  「ある」 , para expressar que uma ação existe ou não:

宿題することはある= (Eu) faço a lição de casa (Lit. Falando do ato de fazer lição de casa, (ele) existe).

朝ごはんを食べないことがある。= (Eu) não tomo café da manhã (Lit. O ato de não tomar café da manhã, (ele) existe).

Usando o tempo passado do verbo com  「こと」 , você pode falar se um evento já ocorreu. Esta é essencialmente a única maneira que você pode dizer "já [verbo no passado]" em japonês, por isso, é uma expressão muito útil. Você precisa usar esta construção a qualquer momento quando você quiser saber se alguém já fez alguma coisa em tempos passados:

寿司を食べたことがある= (Eu) já comi sushi (Lit. O evento em que (eu) comi sushi existe).

Aproveitando, podemos ainda fazer uma oração nominalizada por  「こと」 como objeto do verbo  「する」 , através da partícula  「に」 . Lembre-se que quando  「する」 tem seu objeto marcado por  「に」 , normalmente tem significado de “decidir”:

寿司を食べることにした= (Eu) decidi comer sushi (Lit. (Eu) decidi pelo ato de comer sushi).

Contudo, atente-se que esta construção é usada para expressar suas próprias decisões. Se você quiser indicar uma decisão que não é sua, deve usar o verbo 「なる」 no lugar de  「する」 :

寿司を食べることになった= Decidiram comer sushi (Lit. Tornou-se o ato de comer sushi).

É importante você ter em mente que o conceito de “indicar uma decisão que não é sua”, implica, dependendo do contexto, em expressar regras, costumes ou deveres, afinal tudo isso é ou foi uma decisão de terceiros, fora do controle do falante. Esse sentido fica mais evidente quando se o usa o verbo suplementar para a forma TE 「いる」(mais detalhes na lição 27) junto com 「なる」 >>> 「なっている」:

駅で会うことになっている。 = (Nós) devemos nos encontrar na estação.

Um padrão de sentença, geralmente cobrado no JLPT 2, é o que veremos abaixo:

態度が彼女を傷つけることに(は)ならない。= A atitude não a ferirá. (Lit. Não se tornará o fato em que ela se ferirá).

Na prática esta construção é usada para indicar que algo definitivamente não vai ocorrer. Note que pela tradução literal fica fácil supor este sentido.

Você se lembra que na lição 19 mencionamos que quando colocada ao final de uma sentença, a partícula 「の」 pode indicar um comando leve? 「こと」 também pode ser usada dessa forma:

嘘は言わないこと。= Não diga mentiras.

Ainda sobre「こと」, vimos que, por exemplo, 「寿司を食べることにする」significa “(Eu) decido comer sushi”. Bom, e se nessa oração colocássemos 「食べる」 na forma passada, tendo 「寿司を食べことにする」?

Esse é um padrão normalmente cobrado na JLPT 1 e expressa uma decisão que não reflete a verdade, isto é, uma simulação de uma ação ou estado (que na verdade não está ocorrendo). Note que pela tradução literal, é possível se chegar a este sentido:

寿司を食べことにする。 = (Eu) finjo comer sushi (mas não estou comendo de verdade) (Lit. (Eu) faço o ato de ter comido sushi).

Percebe-se que orações com 「こと」 são muito versáteis e podem transmitir diversos sentidos. O contexto sempre será nosso maior aliado! Observe as próximas orações:

心配することはない。= Não precisa se preocupar.

先生が来ないことにはクラスはない。= Como o professor não vem, não haverá aula.

22.4. USANDO A PARTÍCULA  「と」 PARA INTUIÇÕES E CITAÇÕES

No Japonês Moderno, parece haver uma regra geral que nos diz que algumas das principais partículas podem ser anexadas somente a substantivos ou a elementos que tenham valor sintático de substantivo. Este seria o motivo que torna necessário o uso dos nominalizadores  「の」 e 「こと」 se quisermos aplicar uma ação sobre uma oração subordinada. Contudo, parece que a partícula 「と」é uma exceção a essa regra: podemos anexá-la diretamente  ao final de uma oração subordinada e segui-la de um verbo para assim aplicar uma ação sobre ela. Tenha em mente, porém, que  「と」 não é um nominalizador. Observe:

(1) あきらが犯罪を犯したを見た。= (Eu) vi o fato em que Akira cometeu o crime.

(2) あきらが犯罪を犯した見た。= (Eu) vi que Akira cometeu o crime.

Nestas duas orações há uma diferença a ser considerada. Ao se utilizar  「の」 e 「こと」, o falante indica que de certa forma está seguro de que aquilo que ele expressa se refere a uma situação real ou pelo menos potencialmente real do seu ponto de vista. Em contrapartida, a partícula 「と」 é usada com alguns verbos para dar um sentido de intuição. Em outras palavras, o falante deixa claro que o que ele está dizendo se origina unicamente de seu consciente, ou seja, ele não é realmente aquele que concretamente conhece o fato e está apenas intuindo. Para ficar mais claro, observe o próximo exemplo:

雨が降る思う。= Penso que vai chover (mas isso estou intuindo).

Tal uso se origina talvez no fato de que os japoneses de modo geral não gostam ser categóricos em suas afirmações. Mesmo quando sabem alguma informação com certeza, encontrarão um meio de expressa-la com alguma dúvida.

Para a forma negativa, há duas possibilidades: ou coloca-se a oração subordinada na negativa ou colocamos o verbo 「思う」 na negativa. Vejamos:

(1) 雨が降らなと思う。

(2) 雨が降ると思わない

Há uma diferença sutil: na oração (2) há um sentido mais forte de dúvida e se aproximaria em português a “Eu duvido que vai chover”.

NOTA: A forma negativa do verbo 「思う」 com o auxiliar clássico 「ず」, isto é, 「おもわず」 pode ser usada como um adverbio propriamente dito cujo significado aponta para algo feito “sem pensar”, podendo ser traduzido como “involuntariamente”, “acidentalmente”:

思わず吹き出した。= (Eu) cai na gargalhada sem querer.

Aliás, por falar do verbo 「思う」, uma construção muito útil é usá-lo com 「ように」, obtendo assim 「思うように」. Provavelmente, você deve ter deduzido facilmente que seu significado é algo como “como se pensa”. De fato, literalmente é isso que 「思うように」 significa, e com base nisso, podemos extrair outras traduções menos literais, mas de sentido próximo, tais como “como se quer”, “como se prefere”, etc.:

君の思うようにする。= (Eu) farei como você deseja.

Outra possibilidade com 「思う」 é usar sua Base Ren’youkei e uni-la a 「する」, isto é, 「思いをする」. Como substantivo, 「思い」 também tem o significado de “sentimento”, “emoção”. 「思いをする」 é adicionado a adjetivos (afinal「思い」é substantivo), a fim de descrever sentimentos e emoções:

恥ずかしい思いをした。 = (Eu) fiquei envergonhado.

みじめな思いをする。= (Eu) pareço um miserável.

Na lição 21, mencionamos que é possível usar 「ように」 com o verbo 「いう」(言う), que significa “dizer”, a fim de expressar algo que é dito a alguém:

医者は彼に酒の量を減らすように言った。 = O doutor disse a ele para diminuir na quantidade de bebida.

Também é possível usar 「ように」 com 「思う」:

間違いがるように思う。= (Eu) acho que há um engano.

A diferença entre usar 「ように」 e a partícula 「と」 é que, dependendo das circunstâncias, 「~と思う」 pode soar muito brusco. Um exemplo é quando um aluno vê que o professor cometeu um erro e quer alertá-lo. Com「ように」a sentença fica mais amena, como que “Eu acho que parece que há um engano”. Isso fica estranho em português, mas o importante é que você entenda o seu sentido. Como mencionamos acima, 「と」 é usado com alguns verbos para dar um sentido de intuição. Com 「ように」você pode pensar que temos então “a intuição da intuição”.

Agora, voltando ao uso de 「思う」 com a partícula 「と」, você deve estar se perguntando: “não seria mais fácil nominalizar a oração em vez de usar 「と」?”  Assim, teríamos:

雨が降ることを思う。= Penso no fato que choverá. (??)

Bem, pode-se dizer que a construção acima é válida gramaticalmente. Entretanto, é preciso ter em mente que, nem sempre aquilo que é válido gramaticalmente é de uso na vida real. Não se usa a nominalização com esses tipos de verbo, pois talvez com 「こと」 o falante soaria mais direto, como se aquilo que ele afirma fosse um fato realmente e, como já mencionamos, os japoneses de modo geral não gostam de ser categóricos em suas afirmações. Veja o que Kanako Nishizumi afirma em seu artigo “The pragmatics of nominalization in Japanese: the n(o) da construction and participant roles in talk”, página 22:

“Quanto mais parecido a um substantivo o complemento for, mais certo o falante está sobre a realidade da proposição expressa no complemento. Esta generalização se aplica aos tipos de complemento japoneses também.”

Além disso, é importante ressaltar que estamos  tratando de construções específicas. O verbo  「思う」 é transitivo direto e, portanto, pode ser usado com  「を」 . Veja os exemplos a seguir:

あなた思う。= (Eu) penso em você. (CORRETO)

あなた思う。= (Eu) penso em você. (INCORRETO)

Segundo o site “About.com – Japanese”,  「思う」 sempre é usado para expressar os pensamentos do falante, nunca de terceiros. Entretanto, há uma maneira para se indicar pensamentos de terceiros, que se trata de usar o verbo suplementar para a forma TE 「いる」junto com 「思う」 (mais detalhes na lição 27) .

Veja que é necessário adicionar  「だ」 para explicitar o estado-de-ser no caso de substantivos ou Keiyoudoushi:

私たちはあきらが正直だ考える。= Nós consideramos que Akira é honesto.

O verbo 「みえる」(見える), que significa “parecer”, é outro verbo comum de ser usado com 「と」:

ショップは座布団を売るとみえる。= Falando da loja, parece que vende zabuton.

Outro ponto a se destacar é que「と」pode ser usado para descrever a maneira como algo é feito, muitas vezes de forma alegórica. Veja o que G. B. Sansom afirma em seu livro “An Historical Grammar of Japanese”, página 245 e 246:

“「と」desenvolveu uma utilização correlativa, que pode de uma forma abrangente ser definida como a expressão de uma paridade ou semelhança entre duas coisas. (...) Os gramáticos japoneses antigos distinguiram "Os cinco tos", referindo-se ao emprego de cinco verbos (miru, kiku, omou, iu, e suru). Entretanto, o emprego desses verbos é meramente acessório à função de expressar paridade ou semelhança, e é devido ao fato de que estas relações devem ser percebidas ou criadas por um ou todos os sentidos que os verbos descrevem na operação.”

Segue um exemplo desse uso adverbial de「と」:

恋する心は炎燃える。= Falando do coração que é apaixonado, (ele) queima como se fosse (igual a) uma chama.

O sentido adverbial pode nos auxiliar a entender a oração abaixo. Observe:

世界はそれを愛呼ぶ。= No mundo, chamam isto de amor.

O padrão acima pode parecer meio confuso, mas vamos desmembra-lo para analisarmos: 「世界」 é o tópico da oração; 「それ」 é o objeto direto do verbo transitivo 「呼ぶ」. Você pode imaginar que 「と」 está indicando a maneira como “chamam isto”, ou seja, “chamam isto de amor” ou ainda, “[amor], assim chamam isto”.

Mais um exemplo deste padrão:

イギリスでは「地下鉄」を「underground」いう。= No Reino Unido, chamam “metrô” de “underground” (Lit. Falando do Reino Unido, chamam metrô de underground).

Outro uso comum de  「と」 é destacar citações, isto é, expressar o que outras pessoas dizem, ouvem, etc. Podemos dividir as citações em “diretas e “indiretas”. Imaginemos que na escola Hiroshi ouve do professor:

PROFESSOR:  今日は授業がない。= Não haverá aula hoje.

Então, mais tarde, Hiroshi encontra Makoto e reporta o que ouviu do professor:

HIROSHI:  今日は授業がない先生から聞いたんだ。= Isso é o que ouvi do professor “Não haverá aula hoje.”.

No exemplo acima, Hiroshi reporta a Makoto exatamente o que ouviu professor. Este tipo de citação é chamado de “citação direta”. Em português, colocam-se citações diretas entre aspas. Mais um exemplo:

 海まで叫んだ。= “Até o mar”, gritaram.

O segundo tipo de citação é a citação baseada naquilo que alguém realmente disse. Não é uma reportação palavra por palavra. Uma vez que esta não é uma citação direta, não há necessidade de aspas. Você também pode expressar pensamentos como uma citação indireta.

先生から今日は授業がない聞いたんだ。= Ouvi do professor que hoje não haverá aula.

Não é necessário que o verbo principal esteja logo após   「と」 . Como o verbo que se aplica à oração subordinada vem antes de qualquer outro verbo, você pode ter quantos adjetivos, advérbios ou substantivos entre os dois:

 「寒い」 とまことがひろしに言った。= "Frio", Makoto disse a Hiroshi.

Seja qual for o tipo de citação, ainda segundo G. B. Sansom, página 245, neste uso estaria o sentido original de 「と」, ou seja, parece que ele era originalmente um pronome demonstrativo correspondente à palavra “isto”. Sendo assim, poderíamos até mesmo traduzir as orações acima como “’Até o mar’, isto gritaram”, “’Não haverá aula’, isto eu ouvi do professor” e ”’Frio’” isto Makoto disse a Hiroshi”.

Aliás, como forma de memorização, podemos pensar que 「と」 é como um dedo indicador que aponta pra uma oração subordinada dando um sentido de “é isto que penso”, “é isto que digo”, etc. Vejamos:

image

Você pode se surpreender ao saber que existe uma versão mais curta e casual de citação, uma vez que ela já é apenas um fonema do Hiragana,  「と」 . No entanto, o ponto importante aqui é que, ao usar esse atalho casual, você pode deixar de lado o restante da frase e esperar que o ouvinte possa entender tudo a partir do contexto. Esta versão casual é 「って」 :

あきらは来年、海外に行くんだって。= Com relação a Akira, ele disse que ano que vem irá ao exterior.

先生から今日は授業がないって。= Ouvi do professor que hoje não haverá aula.

もうお金がないって。= (Eu) já lhe disse que não tenho dinheiro.

今、時間がないって、本当? = (Você) não tem tempo agora (eu ouvi), é verdade?

 「って」 ainda pode ser usado para falar sobre praticamente qualquer coisa, e não apenas para citar algo que foi dito. Você pode ouvir  「って」  sendo usado em praticamente qualquer lugar no discurso casual. Na maioria das vezes ele é usado no lugar da partícula 「は」  simplesmente para trazer um tópico à conversa:

明日って、雨が降るんだって。= Falando de amanhã, eu ouvi que vai chover.

まことって、すごくいい人。= Falando de Makoto, ele é uma pessoa muito boa.


Fontes:

Guide to Japanese (Tae Kim): http://www.guidetojapanese.org/learn/grammar/

Nihongo Resources: http://grammar.nihongoresources.com/doku.php

Jgram.org: http://www.jgram.org

Renshuu.org: http://www.renshuu.org/index.php?page=grammar/main#

Nishizumi, Kanako (2008) The pragmatics of nominalization in Japanese: the n(o) da construction and participant roles in talk. Doctoral thesis, Durham University. Available at Durham E-Theses Online: http://etheses.dur.ac.uk/2922/

Learn Japanese Page: http://www.learnjapanese.com/author/japanese/page/7/